Entre o corpo e a memória
Sexualidade e feridas emocionais
Juliana Gianso
4/14/20252 min read


A sexualidade é uma parte essencial do que somos. Ela não se resume ao ato sexual, ela mora no toque, no desejo, no prazer, na conexão, na liberdade de sentir. Mas para muitas mulheres, essa parte da vida é cheia de silêncio, culpa, dor e confusão. Porque o corpo guarda histórias. E nem todas são leves.
Por trás da dificuldade em se entregar, em sentir prazer, em dizer “sim” ou “não” com firmeza... podem existir feridas que ainda sangram em silêncio. Traumas passados, palavras cortantes, abusos normalizados, vergonha do próprio corpo, relações que mais machucaram do que acolheram.
O corpo não esquece
Você pode até esquecer. Pode não lembrar com clareza o que aconteceu, ou ter aprendido a minimizar: “não foi tão grave assim”, “isso acontece com todo mundo”.
Mas o corpo lembra. Ele tensiona, contrai, foge, silencia. Ele bloqueia sensações como um mecanismo de defesa.
E essa defesa é justa. Porque um corpo que foi invadido, exposto, invalidado, precisa de tempo pra confiar de novo. Precisamos entender que, antes de buscar “curar” a sexualidade, é preciso ouvir o que ela está tentando dizer.
Quando o prazer vira peso
Quantas mulheres se deitam com alguém sem desejar de verdade? Quantas se sentem obrigadas a performar prazer? Quantas aprenderam que o corpo serve mais ao outro do que a si?
Muitas crescem ouvindo que “mulher direita não sente tanto desejo”. Outras aprendem a agradar, a não recusar, a se desconectar do próprio sentir.
E então, o que deveria ser fonte de vida e conexão, vira mais uma forma de autoabandono.
A ferida se aprofunda quando a sexualidade vira moeda de troca por afeto, validação ou segurança. Quando usamos o corpo como tentativa de ser aceita, amada, respeitada, mas saímos cada vez mais vazias.
Curar é um caminho, não um destino
Não existe fórmula mágica. Não existe “normal” a ser alcançado. Existe escuta. Existir presença. Existe reconexão.
Curar a sexualidade passa por reaprender a habitar o próprio corpo. A se tocar com carinho, a respeitar os próprios limites, a entender que prazer é direito, não favor.
A cura também pode passar por terapias (convencionais ou integrativas), por grupos de escuta, por silêncio, por dança, por choro, por riso. Não há um jeito certo. Mas há um jeito seu. E ele merece ser encontrado com leveza.
Você não é sua ferida
Se você viveu uma experiência dolorosa, violenta, traumática, saiba: você não é isso. Você é muito mais.
A dor faz parte da história, mas não define quem você é.
A sua sexualidade não está quebrada. Ela está em processo. E ela pode renascer, no seu tempo, do seu jeito.
Não se compare com os outros. Não se cobre ser “livre” ou “resolvida”. A liberdade verdadeira vem de dentro, quando você se sente segura pra ser quem é, sentir o que sente, e dizer o que quer.
Você merece um corpo em paz. Uma sexualidade viva. Um toque seguro. Um prazer sem medo.
E se hoje ainda não é assim… tudo bem. Você está no caminho. E o caminho já é cura.
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